sexta-feira, 22 de abril de 2005

Eu Conto a Vida







Eu conto a vida

Conto as paixões
O visceral
Não da forma clichê que os poetas mortos o fazem
Não
Escrevo a dor
A magoa
Explano o desamor
Conto os desafetos
Respeitável público, lambuzem-se com um circo de desilusões
Através de mim gritam a inquietação, a vergonha
As sombras
Escrevo sim, sobre as dores das pessoas
As lagrimas, com seu gosto salgado me inspiram
A inspiração nasce em mim como se fossem sementes jogadas em minha alma,
Então elas germinam, e seus frutos são salgados, amargos...
Conto o amor
Mas não em sua forma suntuosa, cheia de cores
Conto seu fim em tons de cinza
Conto seu desfecho
Seu desenlace
Conto a vida após ele
Oras, quem nunca sentiu a dor de um amor perdido?
Aquele que nunca teve esse sentimento que toma posse de seu corpo
Destorce as idéias
Estraçalha o coração
Que perturba a ordem natural das coisas
Quem não teve não sabe o que é vida
Amo a vida,
Amo o amor
Amo os amores,
Amo amar
Sou aquele que acredita no amor eterno
Mas que também acredita no seu fim
Afinal, como um outro poeta mesmo disse:
“Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure”

terça-feira, 19 de abril de 2005

Feito por Palavras

O mundo é um imenso jogo de palavras
Através delas, ele foi criado, e poderá ser destruído.
Palavras levam um povo inteiro a liberdade, mas também os leva a escravidão.
Palavras constroem, mas também aniquilam.
Fazem a paz e a guerra
Acariciam e dilaceram
A primeira é a mais importante
A ultima, uma das mais aguardadas...
Se devidamente associadas, podem explicar o mundo,
Mas, se não possuem qualquer ligação, derrepente nada mais faz sentido.
Quando amamos, somente uma é tão aguardada.
E sua simples pronuncia, faz o dia inteiro valer a pena.
Num dia triste, é uma palavra que você encosta a cabeça e chora.
Na gravidez, por exemplo, somente uma palavra pode mudar todo o enxoval.
E em uma guerra, com a união de duas, as balas não fazem mais o seu traçado de morte.
Mas, em contra-partida, a declaração de uma dá inicio a um ciclo de violência sem fim.
Que poderia ser evitado por uma simples palavra de quatro letras: a mais sublime de todas.
Que é sem duvida a mais aguardada pelas amantes, menos quando essa mesma palavra é dita às esposas ao invés delas.
Mulheres essas que carregam mensalmente a sigla de três que podem simbolizar todo o caos de um único gênero.
Que inclusive é formado por duas palavras, uma oposta à outra.
Tem pessoas que são tidas como “diferentes” unicamente por gostarem justamente do igual
Ou por gostarem das duas palavras
Essas pessoas sofrem de uma palavra que cisma e separa-las da sociedade
O que seria simples e brilhantemente resolvido pelo emprego correto de uma outra simples palavra, aquela que nos temos que ter por todos os seres.
Como vêem amigos, o mundo é um grande texto emaranhado em suas próprias sentenças que só um experiente (e iluminado) editor poderia organizar,
O que algumas pessoas chamam de uma palavra que está onipresente
Bom, mas isso já são outras palavras...