domingo, 4 de setembro de 2005

Corrida

Eu caminho pra longe da minha casa que não me abriga
Do meu sangue que não me quer ao seu lado
Caminho mesmo sobre as pedras, eu passo por elas
Caminhos através dos montes e montanhas
Caminho pelos obstaculos e passo deles mais forte
Caminho pela floresta para me encontrar nela
Pelos cemitérios para admirar meu fim
Olho para o sol e descubro de onde vim
Sinto o vento a me acariciar
Corro pelas estradas sem fim, pois sem fim é o meu caminho
Corro da minha vida, quando ela tenta me pegar
Resbalo pelas paredes quando a turbulência tenta me derrubar
Mas continuo correndo,
Os obstáculos, paredes e portas não me prendem,
Pois da terra eu livre nasci
Vejo os cavalos correndo, os pássaros voando e me inspiro neles
Sou livre, e ao mesmo tempo atado aos meus ciclos
Sou preso por mim mesmo e de mim nao me liberto
Minha própria prisão de conclusões e pensamentos
De idéias enraizadas, tao difíceis de serem arrancadas quanto uma sequoia
Sim meu eu, me liberte de ti
Quero ser livre de mim mesmo
Da minha cabeça tantas vezes fechada de idéias prórias e conclusões precipitadas
Clamo pela queda dos grilhões impostos 'a mim por mim mesmo
Pela liberdade de meus atos
Quero desfrutar das idéias alheias
Do pensamento do próximo
Quero experimentar o que nao é pensado e nem calculado
Quero descubrir a vida, não essa e nem a outra
Só uma alternativa, um universo paralelo
Onde ninguem se prenda aos seus grilhões mentais, como eu próprio
Quero liberdade de mim mesmo.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

O Meu Amor

Sim, há várias maneiras de amor
De sentir, de amar...
Pro inferno com todas elas
Sei do meu jeito, do meu amor
Posso ser tão forte quanto um vulcão
E tão frágil quanto um cristal
Meu amor é intenso, ansioso, deslavado
Amo sim, um homem
E chamem-me de clichê
De romântico esperançoso
Mas sim, é o homem da minha vida
Ele é meu poema, minha prosa e meu verso
É minha canção, meu soneto e minha ária
É meu chão, em momentos em que na terra não estou
É meu porto, quando tudo o mais parece que me escapa
É meu companheiro, amigo e amante
Amo seu amor
Amo seu amar
Amo te amar
É chuva, quando no deserto me encontro
É água que aplaca minha sede de sentir
É o combustível que ateia fogo no meu corpo
E é a mansidão, quando nos momentos de ira
É a paz, quando o desalento se instaura
É a mão, que segura na minha quando não vejo o obvio
É o amor, que preenche cada célula
Cada vaso

E cada espaço do meu coração

sexta-feira, 22 de abril de 2005

Eu Conto a Vida







Eu conto a vida

Conto as paixões
O visceral
Não da forma clichê que os poetas mortos o fazem
Não
Escrevo a dor
A magoa
Explano o desamor
Conto os desafetos
Respeitável público, lambuzem-se com um circo de desilusões
Através de mim gritam a inquietação, a vergonha
As sombras
Escrevo sim, sobre as dores das pessoas
As lagrimas, com seu gosto salgado me inspiram
A inspiração nasce em mim como se fossem sementes jogadas em minha alma,
Então elas germinam, e seus frutos são salgados, amargos...
Conto o amor
Mas não em sua forma suntuosa, cheia de cores
Conto seu fim em tons de cinza
Conto seu desfecho
Seu desenlace
Conto a vida após ele
Oras, quem nunca sentiu a dor de um amor perdido?
Aquele que nunca teve esse sentimento que toma posse de seu corpo
Destorce as idéias
Estraçalha o coração
Que perturba a ordem natural das coisas
Quem não teve não sabe o que é vida
Amo a vida,
Amo o amor
Amo os amores,
Amo amar
Sou aquele que acredita no amor eterno
Mas que também acredita no seu fim
Afinal, como um outro poeta mesmo disse:
“Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure”

terça-feira, 19 de abril de 2005

Feito por Palavras

O mundo é um imenso jogo de palavras
Através delas, ele foi criado, e poderá ser destruído.
Palavras levam um povo inteiro a liberdade, mas também os leva a escravidão.
Palavras constroem, mas também aniquilam.
Fazem a paz e a guerra
Acariciam e dilaceram
A primeira é a mais importante
A ultima, uma das mais aguardadas...
Se devidamente associadas, podem explicar o mundo,
Mas, se não possuem qualquer ligação, derrepente nada mais faz sentido.
Quando amamos, somente uma é tão aguardada.
E sua simples pronuncia, faz o dia inteiro valer a pena.
Num dia triste, é uma palavra que você encosta a cabeça e chora.
Na gravidez, por exemplo, somente uma palavra pode mudar todo o enxoval.
E em uma guerra, com a união de duas, as balas não fazem mais o seu traçado de morte.
Mas, em contra-partida, a declaração de uma dá inicio a um ciclo de violência sem fim.
Que poderia ser evitado por uma simples palavra de quatro letras: a mais sublime de todas.
Que é sem duvida a mais aguardada pelas amantes, menos quando essa mesma palavra é dita às esposas ao invés delas.
Mulheres essas que carregam mensalmente a sigla de três que podem simbolizar todo o caos de um único gênero.
Que inclusive é formado por duas palavras, uma oposta à outra.
Tem pessoas que são tidas como “diferentes” unicamente por gostarem justamente do igual
Ou por gostarem das duas palavras
Essas pessoas sofrem de uma palavra que cisma e separa-las da sociedade
O que seria simples e brilhantemente resolvido pelo emprego correto de uma outra simples palavra, aquela que nos temos que ter por todos os seres.
Como vêem amigos, o mundo é um grande texto emaranhado em suas próprias sentenças que só um experiente (e iluminado) editor poderia organizar,
O que algumas pessoas chamam de uma palavra que está onipresente
Bom, mas isso já são outras palavras...

quinta-feira, 17 de março de 2005

Aquele que eu amo




Hoje estou aqui para falar
Daquele que meu coração escolheu para amar
Ele não veio de nenhum reino além mar
Muito menos de algum outro lugar
De que eu possa falar

Não o procurei pelos quatro cantos
Nem sequer cheguei a derramar meus prantos
Foi somente como que por encanto
Que sua voz me envolveu como se fosse manto
Como se a sereia tivesse entoado seu belo canto.

Apesar do breu
Algo mágico naquele instante aconteceu
No momento não me ocorreu
Não era nenhum sentimento ateu
Simplesmente era o amor que me acometeu

Estava ele parado a minha frente
Conversando alegre e sorridente
Sobre coisas que acontecem com a gente
Quando um pensamento bateu derrepente
Que um dia ele poderia estar falando sobre gente

Enfim, chegou a hora em que as palavras cessaram
Os pensamentos findaram
Os sons remataram
Os gestos se transformaram
E assim, nossos lábios se encontraram

O amor que sinto (por aquele que meu coração escolheu para amar) é tão grande que até ao anjo invejaria
E até mesmo qualquer deus ansiaria
E pensando bem, por que assim não seria
Se até mesmo para eles não haveria
Amor tão grande quanto que ao meu amor eu daria?

Pois bem, amigos, hoje eu aqui falei
Daquele que um dia, igual jamais amarei
Mesmo quando chegar o momento em que deste plano partirei
Comigo este sentimento sempre guardarei
Pois algo como sinto agora eu não mais sentirei.

segunda-feira, 7 de março de 2005

Desabafo




Hoje eu vejo minha vida,
Como se sentado no cume de uma grande montanha,
Vejo tudo: Erros, êxitos, pessoas, lugares...
Vejo que muita coisa passou
Muita coisa eu vi
Muita coisa eu vivi
Desde que nasci, muitas mortes se seguiram,
Tantas que já nem me lembro mais
Algumas vezes tive companhia
Outras, simplesmente morri sozinho...
Sem ninguém, essas foram as que mais aprendi.
Pois renasci só, das cinzas.
Vejo todas elas, desde a infância na janela, esperando algo acontecer;
Desde a última, no meio de uma estrada.
O caminho é longo, difícil,
Mas antes de qualquer coisa, escolhido!
Hoje ninguém mais me diz o que fazer
Faço aquilo que quero
Já haviam me dito: "Tudo questão de escolha"
Todas as mortes, sempre foram resultantes de escolhas,
Escolhas essa envolvendo pessoas e lugares
Dessas pessoas, muitas guardo junto a mim,
Outras, simplesmente expurgadas de minha vida.
Sinceramente, com essas eu aprendi bastante.
Hoje me confronto com coisas que a muito não sentia
E que por certo tempo, forcei-me a não sentir.
Mas certas coisas me fogem ao controle,
Infelizmente (ou felizmente) não tenho controle sobre tudo na minha vida
Principalmente no coração
Não nego, tenho medo!
Não sou de fraquejar, enfrento tudo!
Se tiver que bater, eu bato!
Se tiver que apanhar, eu apanho!
Se tiver que fazer guerra, eu faço!
Não tenho medo de vivo nem de morto
Mas por detrás dessa carapaça, dura e quase impenetrável,
Criada à força
Existe algo tão frágil, tão simples, tão vulnerável...
Algo chamado coração
Muitos não vêem isso,
O que causa medo e assusta algumas pessoas
Dizem que não possuo sentimentos, que sou frio.
Minha segurança com relação à minha vida, dizem que assusta.
Dizem que sou calculista
Só vêem minha casca, criada por extinto de autodefesa.
Será que não existe ser capaz de ver por trás disso?
Ou simplesmente, de tanto apanhar acabei me fechando demais e ninguém mais vê aquilo o que realmente sou?
É...
Muita coisa vivi, muita coisa aprendi.
E ainda só tenho vinte e poucos anos.
Ainda tenho muito pela frente,
Minha vida mal começou.
Só espero que minha segurança e obstinação não atrapalhem meu futuro
Só espero que isso tudo,
Que lutei arduamente para ter, não tenho o efeito colateral que mais tenho medo:
Solidão
Pois quanto a isso hei de lutar,
Até o dia em que morrer.
Denovo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Outros Olhos


Hoje eu repudio meus olhos
Os renego
Reservo-me ao direito de não mais ver esse mundo
Não quero ver nos olhos das pessoas a infelicidade
A tristeza que destroça seus sentimentos,
Que extingue a crença num novo dia
Não, arranco-os das minhas órbitas,
Pois não quero ver a ira, a inveja, a luxuria,
Nos olhos dos meus semelhantes
Não quero ver a podridão no olhar alheio
Quero roubar outros olhos
Quero os do poeta, dos sonhadores,
Quero ver novamente ver o mundo com a inocência de uma criança
Que ainda não descobriu a violência que mata,
Que corrompe
Que destrói o sentimento mais nobre: o amor
Oh sim, quero voltar a ver o mundo com os olhos dos apaixonados,
Dos inocentes,
Quero ver a beleza, a gloria, a vida
Brilharem novamente diante de mim
Na mais a escoria, a feiúra, a derrota...
Sim, quero ver com esses olhos que renego, a vitória,
A felicidade e não a desgraça do dia-a-dia
Que traz a revolta com o mundo
Ah mundo, quão cruel podes ser!
Por isso renego ver-te,
Pois já não és mais o mesmo
Ou, simplesmente, meus olhos é que mudaram,
E enxergam hoje tua verdadeira face
Enlouquecedor
Sedutor
Traiçoeiro
Que faz valer a lei do mais forte
E não a justiça, a nobreza de coração,
A hombridade
Sim, renego meus olhos hoje para não ver a verdade,
Pois essa não é a verdade que eu quero enxergar
Simplesmente me recuso a olhar alguém e nos olhos só ver tristeza,
Desilusão e mágoa,
Não! Não quero ver a mágoa quando vejo alguém atravessar a rua sem rumo
Não quero ver a vastidão
O imenso deserto escuro que há dentro das pessoas
Simplesmente quero ver novamente crer que ainda existe amor
Quero ver o verde, as flores desabrochando,
O sol nascendo e não a noite eterna nos olhares
Sim, renego meus olhos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

A Forma do Amor






Até te conhecer eu não sabia o que era esse sentimento
Não sabia o que era sentir isso por outra pessoa
Essa sensação
Esse conforto nos braços de alguém
Não tinha visto todas essas cores
Você me mostrou tudo isso
Não venho aqui tentar explicar o amor
Pois as tentativas dos outros poetas foram em vão
Em vão porque o amor não se racionaliza, não se pensa.
Ele simplesmente é pra ser sentido
E assim, procuro explicar apenas o que sinto.
Com você, descobri um companheiro.
Com você, descobri o que é ser amado.
Você me completa
Me preenche
Me faz feliz
Você me mostrou que isso é possível
Nos teus olhos vejo algo que não sei explicar
Nos teus braços sinto coisas indescritíveis
Te sinto
Apaixonadamente te sinto
E uma coisa que sinto e vejo: o quanto te desejo
Te quero
Te amo
Não seria capaz de te dizer em palavras o quanto gosto de você
Só sei que é muito
Contigo o tempo parece ser algo inexistente
Algo sem... significado
Contigo o céu parece mais azul e iluminado do que antes
Contigo meu corpo estremece e clama pelo seu
Minha mente sai de órbita
Minha boca procura a sua incessantemente
Minha pele anseia pelo toque da sua
Na sua presença, a palavra amor toma forma e tem então um significado.
E mesmo distante como agora
A distancia parece não existir
Pois dentro de minha mente há você
E meu coração está ao seu lado
Todas essas palavras são só para te dizer
O que sinto por você:
Amor

Te amo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Noite Chuvosa





Através das janelas
Vejo a ausência da Lua
Vejo o chão refletir as luzes artificiais através de suas águas nuas
Vejo o seu abraço frio me envolvendo
Deixe sua paz cair sobre mim, me entorpecendo
Pessoas caminham lentamente, quase sem provocar nenhum atrito
Até posso escutar o barulho da mente de um transeunte aflito
O que será que está na mente delas?
Oh, Noite Inquietante
Tu provocas o som sutilmente
Ao mesmo tempo apaziguante
E aterrador se interrompido sumariamente
Ah, Noite Bela
Quem poderá dizer que te conhece?
Debaixo desse seu manto de mistério!
Jamais alguém verá seu rosto
Você jamais será revelada
Jamais conhecida
Jamais entendida.

Ps.: Primeira coisa que tentei escrever sem ser sentimental e egoísta, acho que não fui bem sucedido. Não gostei dele, mas publiquei assim mesmo... ;-)