sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Outros Olhos


Hoje eu repudio meus olhos
Os renego
Reservo-me ao direito de não mais ver esse mundo
Não quero ver nos olhos das pessoas a infelicidade
A tristeza que destroça seus sentimentos,
Que extingue a crença num novo dia
Não, arranco-os das minhas órbitas,
Pois não quero ver a ira, a inveja, a luxuria,
Nos olhos dos meus semelhantes
Não quero ver a podridão no olhar alheio
Quero roubar outros olhos
Quero os do poeta, dos sonhadores,
Quero ver novamente ver o mundo com a inocência de uma criança
Que ainda não descobriu a violência que mata,
Que corrompe
Que destrói o sentimento mais nobre: o amor
Oh sim, quero voltar a ver o mundo com os olhos dos apaixonados,
Dos inocentes,
Quero ver a beleza, a gloria, a vida
Brilharem novamente diante de mim
Na mais a escoria, a feiúra, a derrota...
Sim, quero ver com esses olhos que renego, a vitória,
A felicidade e não a desgraça do dia-a-dia
Que traz a revolta com o mundo
Ah mundo, quão cruel podes ser!
Por isso renego ver-te,
Pois já não és mais o mesmo
Ou, simplesmente, meus olhos é que mudaram,
E enxergam hoje tua verdadeira face
Enlouquecedor
Sedutor
Traiçoeiro
Que faz valer a lei do mais forte
E não a justiça, a nobreza de coração,
A hombridade
Sim, renego meus olhos hoje para não ver a verdade,
Pois essa não é a verdade que eu quero enxergar
Simplesmente me recuso a olhar alguém e nos olhos só ver tristeza,
Desilusão e mágoa,
Não! Não quero ver a mágoa quando vejo alguém atravessar a rua sem rumo
Não quero ver a vastidão
O imenso deserto escuro que há dentro das pessoas
Simplesmente quero ver novamente crer que ainda existe amor
Quero ver o verde, as flores desabrochando,
O sol nascendo e não a noite eterna nos olhares
Sim, renego meus olhos.

Um comentário :

Anônimo disse...

que lindo que tá o blog! :^)

beijo

Lu